Você já notou que a gente tem vivido mais e mais apressado e tentando incluir cada vez mais tarefas em um único dia? Sem surpresa, tentar adiantar a velocidade das coisas acaba parecendo como uma solução plausível. Mas, independente de como estejamos sempre tentando correr, a vida acontece em 1x.
Tudo correndo diante de nós
Em 2019, a Netflix começou a testar, com alguns usuários, uma ferramenta que, apesar das duras críticas que recebeu, acabou se consolidando de vez para todo mundo: a de assistir aos filmes e às séries com velocidade acelerada em até 2x.
A tendência, que já era comum nos audiobooks, já vinha ganhando espaço nos cursos do Coursera e do edX, assim como nos podcasts e plataformas de vídeos.
Quando o 1,5x e o 2x chegaram ao WhatsApp, a prática já era tão comum, que o recurso foi recebido sem qualquer resistência pelos usuários.
Produzir y produzir: vivendo como máquinas
Se você der uma breve pesquisada sobre o assunto, notará que há muitas propagandas de aplicativos que aceleram áudios e vídeos e muitas associações à produtividade.
Sempre que eu me percebo apressada para terminar algo, eu me pergunto por qual razão eu quero chegar logo chegar lá na frente.
Sem nenhuma surpresa, eu não encontro qualquer motivo plausível. São só a agonia de achar que preciso sempre “economizar tempo” e a sensação de que eu poderia estar fazendo qualquer outra coisa.
O grande erro nessa tentativa de “estar sempre à frente” é não darmos ao cérebro o tempo de que ele precisa para a apreensão e organização de todo o conteúdo que consumimos. Embora sejamos humanos, vivemos, cada vez mais, como máquinas.
Consumo rápido e aproveitamento zero
No consumo de filmes e séries, por exemplo, essa prática parece ainda pior, pois renuncia-se a um pré-requisito básico para o bom proveito da arte: a degustação.
No conteúdo acelerado, perde-se o silêncio envolvente, o olhar penetrante e o timing ideal para o qual a produção foi originalmente elaborada.
Consumir conteúdos no acelerado é mais um reflexo destes tempos repletos de ansiedade em que vivemos esquecendo de fruir o único recurso que temos disponível: o momento presente.
Viver um dia mais livre e com menos velocidade, ou seja, com mais humanidade, parece cada vez mais distante.
Mesmo que estejamos correndo e impacientes demais para notar, a vida acontece em 1x.
Mas me conta: você é um adepto da prática de consumir conteúdos no acelerado? Já parou pra pensar o que isso pode querer dizer sobre o modo como você vive a vida? Comenta aqui embaixo.



